Na minha toca tem O quê?
Quem conta um conto, aumenta um ponto...
Vezes ou outra me arrisco a escrever contos e gostaria de compartilhar com vocês, um deles que tenho guardado e considero propício para os dias de hoje. Como uma reflexão...
Muitas relações se constroem baseadas em um consumismo desenfreado, deixando distante o afeto e o próprio conhecimento das emoções.
Neste período em que iniciamos os preparativos para o Natal, cuidar e preparar nossa alma para o Amor ao próximo é ainda a melhor opção que podemos nos dar de presente.
Um pote de que?
Didi era a filha do meio de uma grande e alegre família.
Na casa moravam mãe, pai, irmão mais velho, irmã mais nova, tio e vovó.
A vida de todos era agitada com trabalho, escola, compromissos, cuidados com a vó, cursos...
O Natal estava chegando e este ano Ddid queria que fosse diferente
Todos os anos tocavam muitos presentes. Mas este ano queria algo novo e presentear a todos.
Como ela iria fazer?
Ah! Sim! O cofrinho.
Pegou suas economias e saiu em busca de presente para todos. Andou de loja em loja, fez contas, pediu desconto.
Então logo percebeu que com suas economias não seria possível presentear a todos.
Voltou para casa triste, mas não desistiu.
Pensou pensou pensou...
Como seria um presente que desse para todo mundo dessa casa e que fosse o melhor do mundo?
E assim passaram-se dias... Didi pensando, fazendo contas, juntando mais dinheiro.
Um dia, em um de seus pensamentos lembrou de algo que aconteceu a algum tempo atrás em sua casa e que ela nunca tinha esquecido.
Era um final de tarde frio e seu pai chegara em casa cansado do trabalho e muito decepcionado, pois não conseguira a promoção que tanto sonhava.
A mamãe então colocou os chinelos no papai, lhe deu um abraço e disse uma frase que Didi nunca esqueceu: A tristeza passa meu bem. Nada nessa vida é mais importante que tudo isso aqui... (ENQUANTO APONTAVA PARA TODA A CASA) o Amor. Só ele importa.
Ao dizer isso, os olhos de seu pai brilharam e ele abriu um sorriso enorme, o sorriso mais lindo que Didi já tinha visto!
Depois dessa lembrança, finalmente veio a grande ideia!
Didi foi até a loja que vendia de tudo da senhora Clotilde e comprou um pote de plástico com tampa. Depois pegou algumas revistas, papeis, tesoura...
Começou a recortar. Recortou, recortou, recortou por longos meses...
Todos perguntavam o que ela tanto recortava.
Depois da aula: recortava;
Depois do banho: recortava;
Final de semana: recortava;
Depois de fazer a tarefa: recortava...
E Didi não contava pra ninguém. Dizia que era segredo e que logo a surpresa seria revelada.
Quando chegou o mês do Natal. A família começou a ficar maluca com os preparativos. A correria aumentou ainda mais e Didi seguia recortando.
A noite de Natal chegara. Foi linda como sempre. Todos felizes, presenteando uns aos outros.
Quando Didi veio com seu pequeno pacote e disse:
- Aqui está o meu presente para todos. (pediu então que a vovó abrisse).
Ao abrir todos se surpreenderam com um pote de plástico lotado de corações recortados. Vários tamanhos e vários tipos de papel.
Mas o pote trazia uma etiqueta e nela a frase... Pote de que?
Sim, esse era o pote de Amor que Didi entregara de presente. Emocionando e deixando todos alegres e orgulhosos.
- Esse é meu presente para este ano no Natal! Pote de Amor. Afinal, ele é mais importante do que tudo... Não é mamãe?
- E essa etiqueta? Pote de que quer dizer o que exatamente? (Perguntou o irmão mais velho).
- Ah! Sim! Esse pote ficará na mesa da sala durante o ano inteiro. Quem quiser, poderá pegar um coração, dois, três. Todos eles... Não importa! Ou poderá colocar mais corações. Dar amor, receber amor.
- E a brincadeira é a seguinte, o pote é uma sugestão. Todos que quiserem presentear poderão utilizar. Mas isso só poderá ser feito se olharmos uns para outros e conseguirmos enxergar o que cada um precisa no momento. Pode ser usado para o próximo aniversariante da família por exemplo!
Que grande ideia Didi teve. A partir daquele dia, apesar de toda a correria, todos começaram a olhar uns para os outros e os presente foram vários.
Aniversário do tio rabugento: A vovó o presenteou com um pote de risadas;
Dia dos pais os filhos presentearam com um pote de sono: papai estava cansado
E assim foi e permanece até hoje...
E você? Seu pote é de que?
Bem, aqui na minha casa o Pote é da Calma e está ajudando muito. Toda vez que alguém perde o controle, grita ou se exalta... O nome vai direto para o pote. Um pouco antes do Natal, abriremos o pote e aquele que tiver mais papeizinhos com seu nome terá que pagar uma prenda.
É impressionante como todos nós temos nos policiado uns aos outros. Inclusive e principalmente o Nuan. este então tem sido um verdadeiro fiscal. (rs rs...)

Adorei compartilhar este conto com vocês.
E que nunca nos falte a imaginação...