Toca do coração
Para a mestre, com carinho...
E o Setembro Amarelo “chegou com tudo”!
Esta campanha que foi criada com o intuito de informar as pessoas sobre o suicídio, uma prática que normalmente é motivada pela depressão e que mesmo com tantos casos notórios, crescentes a cada ano, ainda existe uma expressiva barreira para falar sobre o problema.
Tem tomado as redes sociais de forma expressiva e nos desperta para discussões que normalmente costumamos colocar “em baixo do tapete”, como se existisse uma espécie de tabu sobre o assunto, principalmente quando se trata do universo infantil.
E no meio de tantas frases, textos explicativos, informações claras e precisas sobre o tema suicídio... Eis que surge um post alertando pais e mães sobre o livro “O menino que espiava” da Autora reconhecida mundialmente Ana Maria Machado.
O livro conta a história de um menino cheio de imaginação. E faz um paralelo com os contos de fadas. Mas depois deixa claro que é um sonho. Cabe dizer aqui, se a criança faz uma pergunta do tipo da que foi colocada nas mensagens é uma ótima oportunidade de diálogo. Essa é justamente uma das funções das artes e da literatura e também oportunidade de reflexão.
Sinceramente não sei dizer o que se passou na cabeça desta pessoa ao escrever o “tal post” (que prefiro não o reproduzir aqui). Medo? Proteção? Cuidado? Má intensão?
Quando eu recebi a mensagem, fiquei triste e chocada ao ver a facilidade como algo pode ser retirado do contexto, distorcido e mesmo assim, gerar uma repercussão e comoção tão grande.
Consigo entender a mãe que se assustou com a pergunta da criança, pois também sou mãe e o instinto de cuidado e proteção sempre falam mais alto. Mesmo que por muitas vezes passemos dos limites querendo proteger e cuidar de nossos filhos.
No entanto, não posso concordar como a mensagem que ela passou e principalmente com os ataques a Autora (que não foram poucos) e a literatura infantil.
Não concordo porque além de mãe, bibliotecária, leitora, escritora (mesmo que amadora), coach infantil, sou uma mediadora da leitura e uma grande defensora de que a criança merece viajar e se aventurar pelo mundo da imaginação.
Mas quero chamar atenção de vocês para a importância de acompanharmos a leitura de nossos pequenos, no sentido amplo, afetivo.
Sempre defendi a ideia de que as crianças devem escolher seus livros para ler, mas cabe aos pais, professores, cuidadores e bibliotecários terem um olhar cuidadoso durante todo o processo. Desde a escolha, durante a leitura e depois conversando sobre o que foi lido.
Aí, dependendo da obra, cabe uma discussão... Uma conversa carinhosa e responsável com os pequenos. E volto a “bater na tecla”: A importância em falar das emoções com nossas crianças!
A mediação de leitura envolve emoção, carinho, paixão, e vai muito além da obrigação, da educação formal. Ela deve ser descontraída, prazerosa. Como dizia Paulo Freire, “é preciso que a leitura seja um ato de amor”. O grande desafio do mediador de leitura é aproximar o leitor do livro. Para despertar este interesse e incentivar uma criança a ler, tem que gostar e acreditar que se pode transmitir algo. E este processo somente se consolida na medida em que se estabelece um estreitamento de vínculos nesta relação e o mediador compartilha suas experiências de forma prazerosa.
Mas, quem pode mediar leitura?
Os familiares, os professores, os bibliotecários, os escritores, os editores, os críticos literários, os jornalistas, os livreiros, os tradutores, e até os amigos que nos emprestam um livro ou indicam uma página literária na Internet. Porém, os mediadores que mais se destacam são os familiares, os professores e os bibliotecários; e estes precisam estar conscientes da responsabilidade que têm.
Os familiares deveriam ser os primeiros mediadores de leitura, pois são os primeiros elos da criança com o mundo; entretanto os pais e demais membros da família, em geral, não têm a dimensão da influência que podem exercer sobre as crianças, no sentido de motivá-las à leitura. Assim, a nós pais, em especial, cabe a tarefa de aproximar a criança do texto, pois o gosto pela leitura deve ser adquirido bem no início da vida, assim que começam a pronunciar as primeiras palavras ou que começam a se comunicar mesmo de forma não verbal.
Deixo aqui, minha humilde e sincera homenagem a escritora Ana Maria Machado.
Por ela eu tenho grande admiração e amor pelos seus livros, pois eles e tantas outras obras de literatura infantojuvenil sempre foram e continuarão sendo Fontes de inspiração!
A quem vez o post, ME PERDOE, se não foi possível entender a mensagem que você quis passar...
Ana Maria Machado, SINTO MUITO...
SOU GRATA, por toda essa discussão nos permitir falarmos mais sobre a importância da mediação da leitura e discutirmos as emoções com nossos filhos;
EU TE AMO Literatura infantojuvenil!
Biografia da Autora:
Ana Maria Machado nasceu em Santa Tereza, Rio de Janeiro, no dia 24 de dezembro de 1941. Foi aluna do Museu de Arte Moderna. Iniciou a carreira de pintora, participou de exposições individuais e coletivas. Formou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na mesma universidade lecionou no curso de Letras.
Abandonou a carreira de pintora para se dedicar aos livros. Nos anos sessenta foi exilada pelo regime militar indo morar na Europa. Em Paris, trabalhou na revista Elle. Fez doutorado em Linguística orientada por Roland Barthes.
De volta ao Brasil, Ana Maria retomou o seu projeto de escrever livros infantis. Em 1977, ganhou o Prêmio João de Barro pelo livro História Meio ao Contrário. Em 1979, fundou a primeira livraria dedicada a livros infantis no Brasil, a Malasartes.
Em 1993, foi Hors Concours do Prêmio da Fundação Nacional do Livro Juvenil. Em 2000, ganhou o Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o prêmio Nobel de Literatura Infantil Mundial. Em 2001, recebeu o Prêmio Literário Nacional Machado de Assis, na categoria conjunto da obra. Atualmente tem mais de 100 livros publicados.
Ana Maria Machado foi eleita para a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleita presidente para o biênio 2012-2013. Foi a primeira escritora de livros infantis a fazer parte da ABL.
É uma das escritoras mais importantes da língua portuguesa e suas obras de caracterizam pela importância na adaptação de literatura de tradição oral para as páginas dos livros infantis.
Clique aqui e assista esta entrevista que o Ziraldo fez com ela! Eu adorei!
E que nunca nos falte a imaginação...